Puro charme, é o que sempre digo entusiasmada quando me perguntam sobre o destino deste post. Aposto que concordará comigo depois de ler Paraty (RJ): o que fazer, onde se hospedar e dicas, e de coração, torço demais para que você Vá, Viaje e veja com os próprios olhos, ou melhor, experimente com seu corpo e sua alma a sensação deliciosa que é estar nessa cidade fluminense.

Paraty (RJ): o que fazer, onde se hospedar e dicas
City Tour em Paraty
Você sabe o que é City Tour?
É quando um guia nos mostra os principais pontos turísticos de um município, isso pode ser feito a pé ou com um ônibus – alguns panorâmicos, e em muitos lugares esses passeios são oferecidos como “hop-on hop-off”, onde o visitante pode embarcar e desembarcar em diferentes pontos ao longo do trajeto.

Em Paraty, nós escolhemos bater perna, e quem nos conduziu brilhantemente, compartilhando um rico conhecimento histórico e cultural, além de suas vivências como nativo foi o guia João Fernandes, credenciado na Associação Piratii. Ele nos trouxe várias curiosidades, como o por quê da Rua do Fogo ser chamada assim. Uma das versões é que no passado a travessa já foi ponto de prostituição, e tochas instaladas desde o porto indicavam aos frequentadores como chegar lá.

Muitas construções preservam até hoje certas particularidades, como abacaxis na fachada ou sacada. A fruta exótica, de cor dourada e coroa, simbolizava nobreza e hospitalidade, e sinalizava que aquele local era habitado por pessoas ricas e de alto status social.

Em 2019, Paraty foi intitulada Patrimônio Mundial Misto pela UNESCO, junto com a Ilha Grande, por todas suas características naturais e culturais. E lembra que eu falei sobre ela ser charmosa? Pois é, o cenário composto do verde das árvores e dos encontros de paralelepípedos, recebe um toque especial com o colorido vistos nas portinhas e janelas das casas e estabelecimentos.

As igrejas também retratam muito as divisões sociais e a arquitetura do período colonial. No Centro Histórico há quatro. A foto abaixo mostra a Igreja de Nossa Senhora das Dores construída em 1800 e reformada em 1901, e alguns detalhes do edifício chamam atenção: possui sacadas com rendilhados em madeira, um galo no topo que indica a direção do vento e um cemitério em estilo columbário no pátio interno. Antigamente, era frequentada por mulheres da aristocracia paratiense.

O que fazer em Paraty: visitar a Fazenda Bananal
Aprender mais sobre sustentabilidade é muito enriquecedor, e como o universo conspira a favor, tive a chance de estar em um lugar que tem como premissa o Turismo Responsável, com práticas sociais, educacionais e ambientais. Foi ótimo colocar a Fazenda Bananal em meu roteiro Paraty (RJ): o que fazer, onde se hospedar e dicas.

Datada do século XVII, sua restauração foi feita por meio de pesquisa histórica e arquitetônica para manter o máximo possível a originalidade, além disso, os proprietários preservam 70% de áreas da Mata Atlântica e iniciaram o plantio de 21 mil árvores desde 2015.
A gente caminhou por algumas trilhas que contemplam o Casarão Histórico, jardim dos beija-flores, plantações, horta, galinheiro, curral, capril, queijaria, meliponário e construção sustentável. Durante a visita, vimos um Sistema de Produção Agroflorestal (SAF), que consiste em processos ecológicos nos quais há uma colaboração entre diferentes espécies de plantas, agindo juntas no aumento da fertilidade do solo, na economia de água e na geração de alimentos mais saudáveis.

Taxa de visitação: R$ 60,00. Meia-entrada: R$ 30,00 (crianças até 3 anos, estudantes, jovens de baixa renda entre 15 e 29 anos, maiores de 60 anos e pessoas com deficiência).
Gratuidade às quartas-feiras para moradores de Paraty.
Atividade guiada módulos educacionais: R$ 50,00
Horário de funcionamento: terça a domingo, das 9 às 17h, última entrada às 16h
Restaurante
No restaurante de alta gastronomia, com inspiração caiçara e sabores da Mata Atlântica, eles utilizam nos pratos grande parte do que é produzido na fazenda, inclusive Pancs – plantas alimentícias não convencionais. Abre todos os dias das 11 às 18h. Além do restaurante e da cafeteria, ainda oferecem café da manhã regional aos domingos, e fornecem itens para piquenique, ambos mediante reserva.
Agradeço à bióloga Cecília e à equipe da Fazenda Bananal por semearem em mim e nos visitantes (principalmente nas crianças) a importância da preservação e do cuidado com os animais e a natureza.
Endereço: Estrada da Pedra Branca, 1490
Telefone: (24) 3371-1666
Site: www.fazendabananal.com.br
E-mail: [email protected]
Instagram: @fazendabananal
Trilhas de Paraty
Caminho do Ouro – Estrada Real
Viajar nos possibilita conhecer a origem e a cultura de um povo sob diferentes perspectivas. E quando somos guiados por bons profissionais então, trazemos à luz acontecimentos e realidades que muitas vezes não constam nos livros. Na Trilha do Caminho do Ouro é obrigatório o acompanhamento de um guia, e tivemos a sorte de ter conosco o Rodrigo da Paraty Explorer (Instagram: @paratyexplorer).

O Caminho do Ouro faz parte da Estrada Real, a maior rota turística do Brasil. Com 1.630 km, ela abrange 163 municípios de Minas Gerais, 8 do Rio de Janeiro e 8 de São Paulo.
A caminhada foi tranquila, deu uns 2,5 km, e como fomos com calma, durou 2 horas. Contemplamos as riquezas naturais da Mata Atlântica (plantas, cogumelos e aves). Ouvimos muitas histórias sobre como aquele trecho calçado por pessoas escravizadas nos séculos XVII e XIX foi utilizado para ligar várias regiões do país ao mar, e também para escoar o ouro arrancado de Minas Gerais e levado para Portugal e outros locais da Europa.
E é importante ressaltar que antes dos portugueses aparecerem em nosso país, indígenas Guaianás usavam esse trajeto que ligava a aldeia de cima (no Vale do Rio Paraíba) à aldeia de baixo (Paraty), para acessar recursos naturais e facilitar a comunicação entre eles.
Nossas andanças pelo Brasil nos permitem conhecer pessoas queridas como o senhor Américo, que mantém suas raízes e cuida da manutenção da Trilha do Caminho do Ouro com maestria, acompanhado de sua vassoura de guanxuma, como ele mesmo faz questão de enfatizar. Bom de prosa, não nos deixou ir embora antes de declamar um belo poema para nós.

E teve ainda a visita a duas quedas d’água: as Cachoeiras do Tarzan e do Tobogã, onde algumas pessoas costumam escorregar sentadas na grande pedra. Eu vi um rapaz descer em pé, escorregar e quebrar um dente, então já sabe, todo cuidado é pouco.

Passamos em frente à Igreja Nossa Senhora da Penha construída em cima de uma rocha, e que pode ser acessada pela rodovia Paraty-Cunha.

E encerramos o tour no Alambique Engenho D’Ouro, onde encontramos uma casa de farinha artesanal, cachaçaria, restaurante e doceria. Está aí um passeio completo que é a cara dessa linda cidade da Costa Verde: tem natureza, cultura e cachaça.
Passaporte Estrada Real
Nada como ter uma amiga blogueira que escreve muito bem e nos dá dicas detalhadas sobre viagem. Graças as informações da Lidiane neste post, eu me cadastrei no site e fui até o Centro de Informações Turísticas Maria Della Costa, na avenida Roberto Silveira, s/n, para retirar meu Passaporte da Estrada Real e receber o primeiro carimbo, já que fiz o Caminho do Ouro.

O cadastro é gratuito. Após colocarmos nossos dados, um código é gerado. Na retirada, eles carimbam o nome da cidade do trecho que a gente visitou. Municípios que entregam: Ouro Preto, Paraty, Petrópolis, Tiradentes, Diamantina, Cocais ou Glaura.
Ao concluirmos os carimbos, podemos solicitar um certificado digital, é só enviarmos fotos das páginas carimbadas para o e-mail: [email protected].
São eles:
14 carimbos do Caminho Velho
10 carimbos do Caminho dos Diamantes
8 carimbos do Caminho Novo
4 carimbos do Caminho do Sabarabuçu
O Projeto Estrada Real foi formulado pelo @institutoestradareal em 2001, e é a maior rota turística do Brasil, vai de Diamantina (MG) até Paraty (RJ).
Mais informações no www.estradareal.org.br.
Para ganhar um certificado é simples: Vá, Viaje!
Trilha do Pico do Pão de Açúcar
Embora também seja no estado do Rio de Janeiro, não é do famoso bondinho do Pão de Açúcar na Urca que vou falar. Essa outra belezura de mesmo nome fica em Paraty. É um dos picos mais lindos que eu já vi e está situado na Reserva Ecológica Estadual da Juatinga.

Saímos do Centro Histórico de carro, foram mais ou menos uns 20 minutos até chegarmos na Praia de Paraty-Mirim. Deixamos o veículo em um estacionamento particular. O barqueiro Gil, telefone (24) 99982-3465 nos esperou no píer, desembarcamos na Praia do Cruzeiro (tem uma pousada e um restaurante). Na volta do passeio, comemos um prato feito que serviu bem duas pessoas.
Bora falar dessa trilha? S U R R E A L, o que a gente viveu ali. Posso dizer que a Mãe Natureza estava brava nesse dia. A caminhada começou com subida, e apesar de ser um percurso curto, tem umas partes íngremes. A altitude é de 425 metros. Após percorrer 1,5 km, nós nos deparamos com uma vista paradisíaca, vemos um pedacinho do Saco do Mamanguá e o mar multicolorido rodeado de verde. Vai por mim, não deixe de contemplar essa experiência na sua lista Paraty (RJ): o que fazer, onde se hospedar e dicas.

Ficamos quase uma hora lá em cima, mas o tempo virou de um jeito, nunca vi tanta ventania, não conseguíamos parar em pé. Minhas amigas e eu esperamos o vento diminuir um pouco, descemos sentadas e bem rápido antes da chuva chegar. Foi punk, mas valeu cada palpitação, porque acabou tudo bem.

O Saco do Mamanguá é conhecido como o “único fiorde brasileiro”, porque lembra uma formação geológica em que o mar passa entre montanhas geralmente formadas pelo degelo dos picos nevados. A paisagem é muito parecida com as que encontramos em países como a Noruega, Groenlândia e Nova Zelândia.
Algumas praias de Paraty
Praia de Paraty-Mirim
A Praia de Paraty-Mirim tem uma faixa de areia extensa, e ao mesmo tempo é aconchegante. Suas águas calmas costumam ser um chamariz para famílias com criança.

De lá, saem embarcações para outras praias e trilhas da região.
Praia do Jabaquara
A apenas 2 km do centro de Paraty, a Praia do Jabaquara é sinônimo de sossego. Seu mar de águas calmas é ideal para a prática de esportes náuticos, como caiaque, canoagem, windsurf, etc. Na faixa de areia há restaurantes com infraestrutura excelente para relaxar e experimentar os pratos com peixes da região. Uma grata surpresa foi encontrar um manguezal do ladinho, que inclusive no carnaval serve de ponto de partida para o Bloco da Lama, criado em 1986. Os foliões lambuzam o corpo e colocam adereços, palhas, galhos e folhas para simbolizar a ancestralidade.

Praia do Sono
A Praia do Sono possui cerca de 1,3 km de extensão, e dizem que a origem do nome surgiu por causa dos morros embelezados pela Mata Atlântica esconderem um pouco mais o nascer do sol e anteciparem seu entardecer, tornando as noites mais longas. Nela, vivem cerca de 400 pessoas. Um povo acolhedor e fiel às origens, que honra sua ancestralidade e a dádiva de habitar um local tão singular. Eu escrevi um texto exclusivo sobre ela: https://vaviaje.com.br/o-que-fazer-na-praia-do-sono-em-paraty/.

Praia da Conceição
Um lugar preservado, vazio e lindo. Só pode ser acessado com embarcação e foi o que a Alessandra e eu fizemos. Embarcamos na Escuna Banzay (Instagram: @escuna_banzay) em um passeio fechado com o João da Soluções Paraty Agência de Turismo (Instagram: @solucoesparaty).

Essa praia não tem infraestrutura, ficamos nela uns 40 minutos. É permitido descer, nadar e tirar fotos. Além de visitar esse paraíso, conhecemos a Ilha dos Cocos, a Lagoa Azul e o Saco da Velha.
Ilha dos Cocos
Mais um lugar que exalta a beleza do nosso Brasil! Com água esverdeada e cristalina, o mar na Ilha dos Cocos, pode chegar a uns 8 metros de profundidade. É ideal para prática de snorkelling. Os visitantes podem descer da embarcação para nadar, mas não é permitido entrar na ilha.

Onde se hospedar em Paraty
Pousada Literária
Preciso mostrar às pessoas as razões da hospedagem ter sido um dos ápices da minha viagem a Paraty, tornando-se uma experiência especial e memorável.

A Pousada Literária tem a essência da cidade. A história, a cultura e a natureza estão presentes em todos os detalhes e com um toque de sofisticação.
Começo pela sua sala exclusiva de leitura, com diversas opções de livros e revistas dispostos nas mesas e na estante, o espaço com a iluminação adequada proporciona aos hóspedes um momento de relaxamento.

Um dos dias da nossa estadia ficou nublado e fez um friozinho, e mesmo assim, pudemos aproveitar a piscina climatizada até à noite. Eles também têm uma pequena academia, sauna, restaurante e estacionamento.

Quem me acompanha aqui sabe que amo estar sempre em contato com belezas naturais. Agora, pense em um lugar único, com verde e flores nas áreas comuns, é assim lá, e isso tudo, no coração do Centro Histórico.
O café da manhã é espetacular! São servidos pães, tapioca, ovos (feitos de diversas maneiras), suco, frios, chocolate quente delicioso. Destaco também o waffle de pão de queijo, o doce de leite e o pão de Juçaí, produzido na Fazenda Bananal.

Endereço: rua Domingos Gonçalves de Abreu, 254
Telefone: (11) 2770-0237
Site: www.pousadaliteraria.com.br
Instagram: @pousadaliteraria
Qual a melhor época para visitar Paraty
Se você deseja um clima mais ameno, com menos chuvas e locais sem muvuca, pode visitar Paraty de abril a junho ou de agosto a outubro. Caso queira tomar sol e curtir bastante um banho de mar ou de cachoeira em dias com temperaturas elevadas, vá entre os meses de dezembro e março.
Quero aproveitar a foto abaixo para falar de uma peculiaridade deste município fundado em 1667. As ruas do Centro Histórico são “tortas” por algumas razões, a começar pelo calçamento irregular que lembra o doce “pé-de-moleque”. E segundo o guia João Fernandes, as pedras foram colocadas assim para facilitar a defesa em caso de invasão e também porque acreditava-se que existia um vento encanado vindo da serra que trazia doenças e o traçado da rua quebrava sua velocidade. Uma outra estratégia pensada na época foi a de limpeza natural. Mas como assim? Quando a maré subisse, o desnível auxiliaria no escoamento da água e na remoção de sujeira. Com o passar do tempo, tornou-se um cenário de destaque muito fotografado por conta do reflexo dos casarões nas poças d’água.
Feira Literária Internacional de Paraty
Embora aconteça no inverno, a Feira Literária Internacional de Paraty deixa o coração dos apaixonados pelo universo das letras quentinho. A Flip, como é mundialmente conhecida, é um encontro de escritores, novos talentos e entusiastas das palavras e da leitura. É um espaço de troca cultural, reflexão e celebração do conhecimento. O evento ocorre anualmente e está em sua 23ª edição. Em 2025, acontecerá de 30 de julho a 3 de agosto, e homenageará o poeta Paulo Leminski, figura marcante da literatura brasileira. Mais informações no site.
Como chegar em Paraty
Avião: A cidade de Paraty não recebe voos comerciais. Para quem sai de São Paulo, o Aeroporto de Guarulhos fica a 250 km de Paraty, uma média de 3 horas e 45 minutos. Se desembarcar na cidade do Rio de Janeiro, o Aeroporto do Galeão está mais próximo, a 241 km, mais ou menos 3 horas e 44 minutos.
Carro: Quem escolhe ir até Paraty sobre quatro rodas, ou duas – caso tenha moto, terá como companhia uma das vistas mais belas do Brasil a partir de uma rodovia (na minha humilde opinião). Percorrer por mais ou menos umas 4 horas a BR-101 (a famosa Rio-Santos) de São Paulo até terras paratienses é uma road trip encantadora, que quem já viveu sabe o que estou dizendo.
Ônibus: o valor da viagem de São Paulo a Paraty gira em torno de R$ 100,00. Já da cidade do Rio de Janeiro, sai cerca de R$ 118,00.
Mais informações sobre Paraty:
Centro de Informações Turísticas
Avenida Roberto da Silveira, 01 – Centro Histórico
Telefone: (24) 3371-1222
Secretaria de Turismo
Telefone: (24) 3371-2899 / 3371-3064
Acesse o site: www.visiteparaty.tur.br
Agradeço a todos os parceiros e às pessoas que tive a honra de conhecer e também as minhas amigas Lidiane do Partiu Viajar Blog e Alessandra do Viagens de Cá Prá Lá. Tenho um xodó por essa região da Costa Verde, é um lugar especial, porque reúne cultura indígena, quilombola e caiçara, muita história do nosso país e uma rica biodiversidade. Então, comece a traçar os planos para o seu próximo destino e inclua o que compartilhei aqui em Paraty (RJ): o que fazer, onde se hospedar e dicas. Ah, se tiver tempo e dinheiro, saiba que na região há outros tipos de passeio, como cavalgada, kayak, jeep tour e mergulho; e eventos de jazz e fotografia. Motivos não faltam para você se divertir bastante!
Leia também:
https://viagensdecaprala.com.br/o-que-fazer-em-paraty/
https://partiuviajarblog.com.br/o-que-fazer-em-paraty-em-3-dias/

Todas as indicações deste post, muitas delas feitas em parceria, condizem com a minha percepção e vivência, e refletem o que acredito e me motiva: incentivar as pessoas a viajarem mais, fornecer informações que facilitem suas vidas como viajante e dar dicas reais sobre os lugares que visito.